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Os livros de educação religiosa, bem como alguns textos litúrgicos, estão repletos da palavra “Salvador” ou “nossa salvação” nas nossas orações. Talvez o atributo do Salvador se sobreponha a outros atributos do Senhor Jesus em nossa educação religiosa. Então aparece a palavra “Redentor” ou “resgate”, e essas palavras descrevem a obra do Senhor Jesus para com o homem caído.

 Apesar de estas palavras terem significados reais e históricos, elas enfatizam o aspecto negativo do plano divino, que é a salvação do homem da velha realidade através do precioso resgate, que é a morte de Cristo na cruz. Talvez essa antiga realidade signifique para a maioria a realidade do homem sendo condenado diante de Deus por causa de sua queda e pecados.

Mas para a nossa teologia e ensino Ortodoxo, estas palavras parecem insuficientes para cumprir o mistério do plano divino, como se fossem incapazes de compreender as coisas mais importantes que foram realizadas no plano. Essas frases bíblicas são especialmente apreciadas pelo apóstolo Paulo. Que transmitia a experiência da igreja nos seus primeiros dias, que foi a experiência de libertação da vida da lei. Paulo exprimia, portanto, o sentimento dos cristãos daquela época sobre como o “resgate” de Jesus se tornou um dom que os libertou da autoridade da antiga religião e os fez participar no mistério da sua crucificação e ressurreição. Mas o apóstolo Paulo, apesar do uso repetido desta frase – Salvador, parece sentir-se mais atraído por imagens e palavras que falam da renovação da vida, ou seja, aquelas que retratam a obra de Jesus a partir de uma perspectiva positiva. Onde Jesus aparece como doador de vida nova.

Os Padres Orientais usam mais e preferem os termos renovação e nova criação para descrever a obra de Jesus desde o seu nascimento até a cruz. Sim, há um acontecimento de redenção e salvação, mas o acontecimento mais profundo entre estes acontecimentos é a renovação da vida humana para a qual todos estes acontecimentos tiveram lugar.

Existem dois tipos de criação, o primeiro é a criação do nada à existência, que é obra de Deus, e o segundo é a criação da existência comum ao nascimento no reino, ou seja, a existência em Deus e no Espírito. Este segundo nascimento é o que chamamos de regeneração, para a qual Jesus veio e realizou tudo (está realizado).

 São Gregório, o Teólogo, fala de três “tremores” ou “terremotos” na história da humanidade, nos quais foram feitas mudanças importantes no mistério da gestão. São os seguintes: Primeiro, um terremoto quando a lei foi dada a Moisés no Monte Horebe, e o terremoto na cruz de Cristo. Resta o terceiro terremoto que ocorrerá na Segunda Vinda. São estes os momentos que se cumpriram e que esperávamos, nos quais muda o rosto da relação e da promessa com Deus. A obra de Deus com os humanos não se limita às qualidades do relacionamento entre as duas partes de uma forma moral, o que significa que as mudanças na aliança não são apenas morais, mas há mudanças existenciais. O Livro do Apocalipse fala-nos de um novo céu e de uma nova terra em que a qualidade da vida moral e física humana é nova. “Salvação”, ou “o segredo da gestão”, ou regeneração, numa palavra mais clara, não inclui apenas a mudança de leis, mas é antes a obra divina de renovar a própria vida humana. Portanto, o tema da renovação não é algo relacionado apenas aos mandamentos ou a uma nova religião, mas significa mais do que o significado da palavra salvação ou redenção, e um dos mais importantes desses significados mais profundos é “a deificação do homem. ” Isto é, obter o que estava em Cristo pela graça. A palavra “theosis” expressa perfeitamente o significado do mistério da gestão, melhor do que as palavras “salvação…”.

Jesus abriu a questão da divinização do homem, quando ele, Deus, se uniu à nossa pele. A humanidade conseguiu alcançar a desejada renovação em Sua pessoa. Mas esta verdade geral continua a ser uma possibilidade para cada caso individual. Podemos dizer que existe uma nova linhagem, que é a linhagem dos que são divinizados, e esta descende de Cristo, o segundo Adão. Esta linhagem corresponde à antiga linhagem do primeiro Adão. Mas a descendência de Jesus não é alcançada pela natureza e pela inevitabilidade, mas pela vontade e pela liberdade. O homem possui esta linhagem e as bênçãos desta nova linhagem em virtude da sua decisão livre e comprometida de renovar a sua vida.

Portanto, a nossa fé cristã é medida por um critério profundo, que é a extensão da influência e da eficácia desta fé na renovação humana. A fé é um fermento que muda a massa e toda a entidade. Quem crê, e crê verdadeiramente, sente todos os dias que a sua fé o transforma, o transforma e, numa palavra mais clara, o reanima.

“A nossa salvação já está próxima”, diz o Apóstolo Paulo: é a mudança esperada na nossa existência e no nosso ser, pela qual Jesus veio, morreu e ressuscitou para nos chamar e participar connosco na sua realização. Vamos até Ele e Ele nos reanima, porque pelas Suas feridas somos salvos, ou seja, somos curados!

Amém

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