O batismo de Jesus – a aparição divina

“Como está escrito em Isaías: Eis que diante de ti envio o meu mensageiro, que preparará diante de ti o teu caminho. Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. João estava batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento para perdão dos pecados” (Marcos 1:2-4). Estes versículos explicam a natureza do batismo segundo João Batista. João é o precursor de Cristo e o arauto de sua vinda (Marcos 1:2-3), e João testificou a Jesus que ele é “o Cordeiro de Deus”: “No dia seguinte João viu Jesus vindo e disse: 'Eis que o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo'” (João 1:29). E ele é “o Filho de Deus”: “E eu vi e testifiquei que este é o Filho de Deus” (João 1). :43). Na sua pregação e no seu batismo, João anunciou a chegada iminente do “Dia do Senhor”, isto é, o dia final em que Deus reinará sobre as nações: “Arrependam-se, porque o reino dos céus está próximo” (Mateus 3). :2). Portanto, o batismo de João é escatológico, pois prediz a vinda do Senhor. É também o batismo do arrependimento para o perdão dos pecados. Confessar pecados segundo o conceito judaico não significa enumerar todos os pecados cometidos, mas sim um reconhecimento por parte da pessoa de que ela é pecadora.

O batismo de João foi realizado pela imersão de toda a pessoa em água. Esta imersão simboliza duas coisas: uma relacionada ao homem e outra a Deus.

  1. Ao descer na água, a pessoa expressa sua vontade de se arrepender e começar uma nova vida.
  2. Mas no batismo de João o homem não se batiza. O batismo é feito pelas mãos de alguém enviado por Deus: “Eis que envio o meu anjo diante da tua face...” (Marcos 1:2). Perdoar os pecados e começar uma nova vida não é apenas obra do homem, mas antes de tudo obra de Deus, o único que pode perdoar os pecados e renovar o homem. João, ao pregar o batismo de arrependimento para o perdão dos pecados, anuncia o início do tempo em que a promessa de Deus se cumprirá: “Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor ... Pois eles me conhecerão desde o menor até o maior deles, diz o Senhor. Porque perdoarei a sua iniqüidade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jeremias 31:33-34). Assim, o batismo de João visa preparar para a vinda de Cristo, portanto, a obra de João é “preparar para o Senhor um povo preparado” (Lucas 1:17).

Aqui surge a pergunta: Por que Jesus foi batizado? Jesus não precisava do perdão dos pecados. Ele disse aos judeus: “Qual de vocês me convence do pecado?” (João 8:46), e também lemos na primeira carta de Pedro: “Ele não cometeu pecado, nem se achou engano na sua boca” (1 Pedro 2:22).

 Lemos no Evangelho de Mateus: “Então Jesus veio da Galiléia ao Jordão ter com João para ser batizado por ele. Mas João o impediu, dizendo: preciso ser batizado por você, e você vem até mim? Então Jesus respondeu e disse-lhe: “Deixa agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça” (Mateus 3:13-15). Na Bíblia, a justiça é o cumprimento dos mandamentos: “Pois qualquer que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar as pessoas será chamado o menor no reino dos céus. Mas quem trabalha e ensina será considerado grande no reino dos céus. Porque eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mateus 5:19-20). O “justo” Jesus não precisava ser batizado, mas queria ser batizado com as pessoas pecadoras que vieram salvá-lo. O seu batismo com os pecadores no início da sua missão é uma imagem do seu batismo na cruz.

O evangelista Mateus continua: “E quando Jesus foi batizado... viu o Espírito de Deus descer como pomba e vir sobre ele” (Mateus 3:16). A vinda do Espírito Santo sobre Jesus nada mais é do que a sua inauguração e o cumprimento das profecias. Isaías diz: “Eis o meu servo, a quem sustento, o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz”. Pus sobre ele o meu Espírito, e ele levará a verdade às nações” (Isaías 42:1). “No princípio Deus criou os céus e a terra... e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gênesis 1:1-2). A vinda do Espírito sobre Jesus é uma indicação da nova criação que será criada a partir da mensagem de Jesus.

“E uma voz do céu disse: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17). Os profetas, no início da sua missão, ouviram a voz de Deus enviando-os para trazer boas novas, mas Jesus distingue-se deles porque é “meu Filho amado”, e não apenas um simples mensageiro de Deus.

O batismo de João foi uma preparação para o Reino dos Céus que Jesus Cristo proclamaria, e o arrependimento era uma condição básica para entrar neste Reino. Jesus não conhecia o pecado, mas queria levar os pecados dos humanos. Ele foi batizado por João para nos ensinar a guardar os mandamentos, arrepender-nos e reformar-nos. Após o seu batismo, o Espírito Santo desceu sobre ele, e uma voz veio do céu: “Tu és meu Filho amado”. O batismo de Jesus é uma manifestação da Santíssima Trindade.

A aparição da Trindade

Portanto, o batismo de Jesus não é apenas o seu aparecimento no mundo como o Messias e a sua epifania: o batismo o revela como o Filho de Deus. E, daqui em particular, significa “transfiguração”, significando a aparição de Deus, porque ele nos revelou o grande segredo de Deus, ou seja, a Santíssima Trindade.

João viu o Espírito Santo descer sobre Jesus como uma pomba e pousar sobre ele. A palavra “estabilidade” indica que desde toda a eternidade desceu sobre ele o Espírito Santo, cuja voz veio do céu, dizendo: “Este é o meu Filho amado”.

É por isso que nos diz São Cirilo de Jerusalém: Com o aparecimento de Jesus como Messias, o batismo de Jesus revela-nos ao mesmo tempo o mistério da Trindade divina. Ele diz que para que haja um Cristo e o ungido, que é “o Filho”, alguém deve ungi-lo, que é “o Pai”. E de alguém vem a unção, e é o Espírito Santo que vem sobre ele. Assim, não podemos pensar em Cristo sem pensar no Pai e no Espírito Santo. Sem eles, a palavra Cristo pode não ter significado. Não podemos reconhecer Jesus como Cristo sem reconhecer o único Deus como Deus em três pessoas.

É comum ter uma ideia errada sobre Deus: às vezes parece-nos que o Pai pode ser o Deus do “Antigo Testamento”, e depois o Filho passa a ocupar o seu lugar no “Novo Testamento” ao longo da vida de Jesus. Finalmente, o Espírito Santo entra em ação na Igreja atual, e a memória de Jesus não será celebrada senão como passado histórico. Sim, muitas vezes temos que imaginar as três hipóstases num só Deus trabalhando no mundo com uma só vontade. Como podemos abordar o mistério da Santíssima Trindade?

Voltemos ao batismo de Jesus quando ele saiu da água. João Batista vê Cristo, o Espírito, repousando sobre ele e ouve a voz do Pai chamando Jesus de “o Filho Amado”. João conhecia um Deus em três pessoas. Na Jordânia, a Trindade apareceu pela primeira vez. É o que a Igreja nos diz através do ícone e do hino festivo da Festa da Epifania (ou Festa da Divina Epifania).

Além disso, quando contemplarmos o ícone da “Aparição Divina”, encontraremos Jesus vestido de água como se penetrasse todo o universo para deslumbrá-lo com a sua presença, para iluminá-lo com a sua luz, para iluminá-lo e para santificar isto. No topo está uma mão que representa “aquele” que unge: isto é, o Pai, invisível, mas cuja voz dá testemunho de Jesus, chamando-o de “o Filho amado”. A pomba representa o Espírito Santo que confirma a verdade do testemunho pousando sobre a cabeça de Jesus e pousando sobre ele: é a unção. Finalmente, o “Filho” que foi ungido, Jesus vestido de águas.

A aparição do espírito santo em forma de pomba

Mas por que o Espírito Santo apareceu na forma de uma pomba? A pomba é um animal de estimação puro. Visto que o Espírito Santo é um espírito de mansidão, Ele apareceu na forma de uma pomba. Por outro lado, isto nos lembra uma antiga história histórica, quando o dilúvio engoliu toda a terra habitada, e a raça humana foi quase destruída, a pomba foi a ave que demonstrou claramente o fim da ira divina, carregando um ramo de oliveira em seu bico, como uma boa notícia que declara a paz geral. Tudo isso era um desenho do que aconteceria depois. A condição do povo era muito pior do que a sua condição actual e merecia um castigo maior. Para que não desespereis agora, ele vos recorda aqui aquele antigo incidente: quando se perdeu a esperança, foi encontrada uma solução e uma reforma. O dilúvio naquela época era uma disciplina, mas agora a solução veio através da graça e de um grande presente. Por isso apareceu a pomba, não carregando um ramo de oliveira, mas apontando para Aquele que será salvo de todas as adversidades e estendendo-nos boas esperanças. Porque não tira uma pessoa da arca, mas sim, com a sua aparência, conduz todo o mundo habitado ao céu. Não traz um ramo de oliveira, mas sim a filiação de todos os seres humanos.

Agora que você percebeu o valor do presente, não pense que falta o valor da alma por causa de sua aparência em forma de pomba. Ouço alguns dizerem que assim como o homem difere da pomba, também Cristo difere do espírito; Cristo apareceu na forma da nossa natureza humana, enquanto o Espírito Santo apareceu na forma de uma pomba. Como respondemos a tudo isso? O Filho de Deus assumiu a natureza humana, enquanto o Espírito Santo não assumiu a natureza de uma pomba. Portanto, o Evangelista não disse que o Espírito apareceu “em forma de pomba”, mas disse “em forma de pomba”. O Espírito não apareceu depois disso nesta forma. A verdade é uma coisa, a gestão é uma coisa, a concessão é uma coisa e a aparência passageira é outra.

O que pode ser dito sobre a Trindade? Como explicamos esse segredo – a aparência –? Nenhum livro, nenhum livro, nenhuma lição de ensino cristão pode ser capaz de “explicar” o mistério de Deus em três pessoas. O risco é muito grande em distorcer o incompreensível com palavras e menosprezar o Deus eterno com declarações humanas limitadas pela razão. Somente a oração e a adoração podem nos fazer perceber uma pequena parte da “verdade” sobre o único Deus em três pessoas.

Terminemos o nosso tema com a oração mais pura, ou seja, a oração de adoração, a oração dos anjos, dos Serafins e dos Querubins, cantando três vezes o hino ao Santo, à Trindade vivificante: “Santo, Santo, Santo, Senhor dos Exércitos!”

Além de
Mensagem da Diocese de Aleppo
E meu boletim paroquial de 1997
E boletim “A Palavra” 01/07/2007 emitido pela Igreja dos Arcanjos - Cairo

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